Um rastro de Objeto pulsional na Ode de Ariana para Dionísio, de Hilda Hilst (1974/2018)
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i27.5646Resumo
O artigo propõe ressaltar a riqueza da interface entre psicanálise e literatura e assinalar a possibilidade que uma obra literária tem para esclarecer conceitos e elucidar questões clínicas, o que não escapou a Freud ao utilizar poemas, romances e obras de arte, quando a ciência não lhe oferecia as ferramentas para explicar fenômenos subjetivos. Seguindo essa lógica, a discussão presente gira em torno do conceito de Objeto, Pulsão e Eu, tomando como mote os cânticos de Ariana para Dionísio extraídos da obra poética de Hilda Hilst chamada Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé: de Ariana para Dionísio (1974), em que o jogo presença-ausência do amado sugere investimento objetal que permite tracejar uma discussão central em torno da relação entre o cântico/clamor de Ariana por Dionísio e o rastro de trabalho psíquico que o investimento pulsional traceja, como sintomática saudosa pela presença-ausência de um Objeto de desejo. Nesse cenário, diante da ordinariedade humana e da grandeza celeste de um Objeto do Olimpo de escritores/as brasileiros/as, foi alcançada uma possibilidade interpretativa de que Dionísio, o coadjuvante de Hilda Hilst (1974/2018), perfaz um Objeto pulsional capaz de colocar a protagonista, Ariana, na posição faltosa em franco trabalho desejante.