Organização dos estados psicológicos em Bergson: a ontologia da liberdade entre o Eu e sua sombra
Résumé
Resumo: Neste artigo, pretendemos demonstrar que a discussão bergsoniana acerca da organização dos estados psicológicos está fundada na liberdade como a propriedade essencial da consciência. Para tanto, é necessário situar a maneira como os conceitos de multiplicidade e de intensidade dos estados psicológicos se associam à questão do movimento, da consciência e do eu na constituição de um poder indeterminado e de significação puramente subjetiva que caracteriza a consciência para além da dimensão meramente fenomênica da realidade. Estabelecendo uma improcedente identificação entre duração e extensão, sucessão e simultaneidade, o determinismo reconduz a liberdade ao domínio temporal dos fenômenos, no interior do qual o meio próprio do tempo e da duração é o espaço homogêneo, e no interior do qual a consciência permanece destituída da liberdade como sua propriedade essencial. Como queremos mostrar, a proposta de Bergson, diante desse quadro, consiste em reconduzir a liberdade ao domínio intemporal, restituindo a diferença entre duração e extensão, sucessão e simultaneidade.
Palavras-chave: Consciência; Duração; Liberdade.