O “monólogo da linguagem”: interpretando um curioso desdobramento da filosofia de Heidegger
Abstract
Resumo: O objetivo deste texto é interpretar o sentido de uma expressão heideggeriana sobre a linguagem no contexto da década de 50, quando este fenômeno se destaca no arcabouço filosófico do autor. A expressão, advinda da poesia de Friedrich Novalis, é: “A linguagem dialoga unicamente e solitariamente consigo mesma”. Através da análise do texto O caminho para a linguagem (Der Weg zur Sprache), que constitui o volume Unterwegs zur Sprache (1959), e da recorrência ao pensamento de Heidegger sobre a linguagem expresso em Ser e tempo (Sein und Zeit, 1927), buscase compreender aqui o sentido desta curiosa ideia na qual o ser humano teria sido aparentemente suplantado e dirimido de seu tradicional lugar de “ser de linguagem”. Este percurso leva-nos a concluir que há, antes, uma radicalização da reciprocidade “ser humano-linguagem” no contexto da crítica de Heidegger ao pensamento metafísico e subjetivista, que o desmerecimento do segundo polo desta relação.
Palavras-chave: Linguagem; Monólogo; Heidegger.