Judaísmo e Psicanálise: reflexões sobre a vida e a obra de Freud
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i27.5481Resumo
O presente artigo busca refletir sobre a origem e a construção do campo psicanalítico, tendo como base a relação de Freud com o judaísmo. Para tanto, resgatamos o lugar do judaísmo na vida do autor, a partir da relação dele com o pai, que culminou em uma apropriação singular da sua herança judaica. Retomamos as críticas freudianas à religião e questionamos qual é o lugar destinado ao judaísmo na vida de Freud. Assinalamos que, a partir de uma apropriação particular do judaísmo, Freud parece ter elaborado parte de sua ambivalência afetiva dirigida à figura paterna, superando, assim, o “pai resignado” que habitava as suas lembranças. A elaboração do “parricídio” de Freud se presentifica, em nossas conjecturas, na ousada releitura que fez da religião monoteísta, em que a experiência traumática do exílio, experenciada por si e seus antepassados, ganham novas origens e sentidos. Finalmente, aproximamos os campos da Psicanálise e do judaísmo, a partir, sobretudo, da ideia de não lugar, de desterritorialização. Ressaltamos a coragem do empreendimento freudiano que, apesar de não ter rompido com a “lógica monoteísta”, revelou o caráter traumático de sua instauração e perpetuação.
Palavras-chave: Freud. Judaísmo. Psicanálise. Monoteísmo.