Deixar que o feminino se escreva como método: a escrita do impossível na pesquisa em Psicanálise

Autores

DOI:

https://doi.org/10.69751/arp.v14i28.5964

Resumo

Este artigo propõe uma metodologia de pesquisa em Psicanálise, denominada “escrita do impossível”, concebida para investigar o feminino como operador clínico e conceitual, justamente por sua resistência à formalização tradicional e à lógica do todo. Em vez de reduzir o feminino a um objeto de representação conceitual, assume-se que ele se inscreve como impossível, sendo exatamente essa lógica que orienta o método. Fundamentada em uma abordagem teórico-clínica, a escrita do impossível se estrutura a partir de quatro princípios norteadores: (i) a lógica lacaniana do não-todo; (ii) a temporalidade freudiana do só-depois (Nachträglichkeit); (iii) a articulação com a semiótica tensiva, que orienta uma leitura-escuta sensível às intensidades; e (iv) a ética da clínica do escrito, que transita entre escuta e formalização. A metodologia propõe uma torção da escuta à leitura, introduzindo o conceito de (f)ato clínico como construção e acolhendo o não-saber como eixo ético de rigor e orientação do saber. Assim, a escrita do impossível se afirma como uma metodologia que permite que o feminino não seja apenas tematizado, mas se escreva como método, conduzindo a pesquisa a encarnar, e não apenas expor, a lógica de seu objeto.

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Biografia do Autor

Elizabeth Fátima Teodoro, Universidade Federal de São João del-Rei

Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei - PPGPSI/UFSJ (Minas Gerais, Brasil), com pesquisas na área de fundamentos teóricos e filosóficos da Psicologia. Mestra pela mesma instituição. Psicóloga e enfermeira, especialista em gestão em saúde mental. Autora de livros sobre Psicanálise e saúde mental. 

Wilson Camilo Chaves, Universidade Federal de São João del-Rei

Doutor em filosofia pela UFSCar - SP. Pesquisador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise do Departamento de Psicologia da UFSJ (NUPEP-DPSIC-UFSJ). Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ (Minas Gerais, Brasil). 

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Publicado

11-12-2025

Como Citar

Teodoro, E. F., & Chaves, W. C. (2025). Deixar que o feminino se escreva como método: a escrita do impossível na pesquisa em Psicanálise. Analytica: Revista De Psicanálise, 14(28). https://doi.org/10.69751/arp.v14i28.5964

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