Da oferta da palavra à aposta no laço social: a conversação como dispositivo metodológico de pesquisa em Psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i28.5969Resumo
Neste artigo, propomos delimitar o uso da conversação especificamente como dispositivo metodológico de pesquisa em Psicanálise para então refletir sobre seus impasses e possibilidades clínico-institucionais. Por meio da pesquisa bibliográfica, o percurso metodológico se desenhou da seguinte forma: partimos da circunscrição da pesquisa em Psicanálise, que prioriza o sujeito e seu saber a partir das noções de inconsciente, transferência e associação livre. Em seguida, procedemos pela apresentação da conversação como dispositivo de pesquisa e intervenção em Psicanálise, a partir de seu contexto de surgimento e da caracterização de seu modo de funcionamento. Por fim, abordamos a conversação como aposta no laço social e via de tratamento do real. Como resultado, constatamos que, mais do que um simples método de investigação, a conversação constitui também uma intervenção no campo pesquisado, cujo objetivo é tocar o ponto de real do sujeito, permitindo que emerjam não apenas as narrativas individuais, mas também o sem-sentido que provoca surpresa. As conversações são, antes de tudo, uma metodologia de pesquisa que faz uma aposta no laço social e se configura como uma via de tratamento do real. Um dispositivo metodológico, nesse sentido, não deve ser entendido apenas como um recurso de coleta de dados, mas como um instrumento capaz de produzir novos saberes e de possibilitar intervenções.